Eu, hoje, fui a S. Bento. À sessão parlamentar dedicada a "O estado da Nação". Pensei que pudesse ser interessante... envergonho-me agora da minha ingenuidade - total! Sempre a pensar que sou muito espertinha e vejam só... nem de longe imaginava o estado em que ficaria depois desta ida ao Parlamento- revolta raiva tristeza indignação..., sei lá, um estado talvez muito semelhante àquele em que se encontra a Nação... E porquê? Não saberei explicar toda a razão, mas, do que sei, vos vou dar notícia.
Fiquei logo mal disposta à entrada, onde a segurança é tal que só lá falta a "apalpadeira"... fui desapossada de todos os meus pertences, incluindo o porta moedas e todos os documentos, excepto o B.I., que me ordenaram que levasse comigo, bem como a chapinha que me deram para, à saída reaver os meus bens, que guardaram num saco de plástico selado onde inscreveram o nº da dita chapinha, também de plástico; passei depois pelo detector de metais e, ainda antes de subir de elevador, acompanhada por um guarda, uma outra agente entregou-me um cartão para suspender ao pescoço, com uma bela fita colorida com as cores da bandeira nacional, e verificou on line os dados do meu B.I. que passou numa maquineta apropriada a esse fim, enquanto eu lia, a mando, num papel afixado na secretária que a referida agente utilizava, as instruções de como devia comportar-me na sala onde decorria a sessão. Depois, sem fosse o que fosse com que pudesse atentar contra fosse quem fosse, lá entrei no elevador com outros visitantes, também já sujeitos ao mesmo tratamento, devidamente acompanhados por outro agente que nos largou no 3º andar e nos passou, nos Passos Perdidos, a outro agente que nos conduziu até à porta que nos daria entrada na sala onde decorria a sessão parlamentar; antes de nos franquear a porta, porém, fez mais umas recomendações, como se fossemos uma cambada de mal comportados ou marginais... Lá entrámos, finalmente, no espaço indicado, onde cada um tomou o seu lugar e ficou a ser bem guardado por outro agente, não fosse, ainda assim, o Diabo tecê-las... tão zeloso era o agente, que tive ocasião de o observar a ir chamar a atenção de várias pessoas, por pequenos nadas, como a mim me pareceu, mas que, afinal, deviam ser de grande importância...
Lá em baixo, muito seguros de si, os actores principais punham em cena "O Estado da Nação" e eu não pude deixar de lembrar este texto que, com quase 100 anos, me parece continuar tão actual...
Fiquei logo mal disposta à entrada, onde a segurança é tal que só lá falta a "apalpadeira"... fui desapossada de todos os meus pertences, incluindo o porta moedas e todos os documentos, excepto o B.I., que me ordenaram que levasse comigo, bem como a chapinha que me deram para, à saída reaver os meus bens, que guardaram num saco de plástico selado onde inscreveram o nº da dita chapinha, também de plástico; passei depois pelo detector de metais e, ainda antes de subir de elevador, acompanhada por um guarda, uma outra agente entregou-me um cartão para suspender ao pescoço, com uma bela fita colorida com as cores da bandeira nacional, e verificou on line os dados do meu B.I. que passou numa maquineta apropriada a esse fim, enquanto eu lia, a mando, num papel afixado na secretária que a referida agente utilizava, as instruções de como devia comportar-me na sala onde decorria a sessão. Depois, sem fosse o que fosse com que pudesse atentar contra fosse quem fosse, lá entrei no elevador com outros visitantes, também já sujeitos ao mesmo tratamento, devidamente acompanhados por outro agente que nos largou no 3º andar e nos passou, nos Passos Perdidos, a outro agente que nos conduziu até à porta que nos daria entrada na sala onde decorria a sessão parlamentar; antes de nos franquear a porta, porém, fez mais umas recomendações, como se fossemos uma cambada de mal comportados ou marginais... Lá entrámos, finalmente, no espaço indicado, onde cada um tomou o seu lugar e ficou a ser bem guardado por outro agente, não fosse, ainda assim, o Diabo tecê-las... tão zeloso era o agente, que tive ocasião de o observar a ir chamar a atenção de várias pessoas, por pequenos nadas, como a mim me pareceu, mas que, afinal, deviam ser de grande importância...
Lá em baixo, muito seguros de si, os actores principais punham em cena "O Estado da Nação" e eu não pude deixar de lembrar este texto que, com quase 100 anos, me parece continuar tão actual...
Not. Ilust.
Que grandes artistas continuam a passar por S. Bento!... Onde mais necessitaríamos de grandes e sérios políticos...
Confesso que não aguentei muito tempo. A peça não me interessava e os artistas nem por isso... Saí. Mas, agora, mandaram-me ir pelas escadas; graças a Deus que ainda tenho joelhos que aguentem...
Recuperei os meus pertences e, para desanuviar, fui até à casa de Amália, ali, a dois passos... Ouvir o Fado nesse espaço em que o próprio Fado viveu e onde essa Voz não morreu. Não foram, estes, passos perdidos... Afinal, é este estado da Nação o que mais me aquece o coração...
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