domingo, 31 de janeiro de 2010

Av. 5 de Outubro

Hoje fui fotografar esta magnífica moradia que, em 1929, foi Prémio Valmor e cujo projectista foi Pardal Monteiro. Situa-se na Av. 5 de Outubro, 209-215, encontra-se bastante bem conservada e o jardim muito bem cuidado. Um mimo!
MINISTÉRIO DA CULTURA
Gabinete da Ministra Portaria n.º 76/2008
A moradia António Bravo (Prémio Valmor — 1929) foi projectada pelo Arquitecto Pardal Monteiro por encomenda de Félix Ribeiro Lopes. É um edifício sólido, de qualidade e eficácia construtiva, onde se encontra em evidência uma evolução formal e estética que não é alheia às correntes internacionais, numa fase art déco daquele arquitecto. A maior e mais exuberante de uma série de moradias urbanas que Pardal Monteiro projectou na segunda década do século XX para as Avenidas Novas de Lisboa e a única que ainda hoje existe. Esta moradia sobressai pela sua dimensão, relevos escultóricos de algumas cantarias, mísulas e floreiras, gradeamentos das janelas e sacadas, com motivos florais que complementam a decoração dos painéis e frisos de mosaicos das fachadas. A tendência modernista, patente nas linhas simples e na sobriedade decorativa das obras de Pardal Monteiro, traduz -se aqui também na volumetria paralelepipédica, cuja aparência de “caixa” é reforçada pela reduzida expressão plástica da cobertura, o telhado de quatro águas, sem beiral, está escondido pela cornija de perfil rectilíneo. A linearidade da moradia é quebrada por uma varanda de canto ainda que integrada na estrutura cúbica. A fachada principal é revestida a cantaria. Por fim, é de ressaltar o rasgamento das janelas triplas, pormenor que Pardal Monteiro aplicou noutros projectos ao longo da sua vida. A moradia António Bravo é um belo exemplar da arquitectura portuguesa do século XX que constitui um relevante testemunho com interesse cultural por reflectir valores patrimoniais, de memória, autenticidade, originalidade e exemplaridade do bem. Foram cumpridos os procedimentos de audição de todos os interessados previstos no artigo 27.º da Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro, bem como nos artigos 100.º e seguintes do Código do Procedimento Administrativo; Assim: Ao abrigo do disposto no n.º 5 do artigo 15º, no artigo 18º e no n.º 2 do artigo 28º, todos da lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro, manda o Governo, pela Ministra da Cultura, o seguinte: Artigo único É classificada como imóvel de interesse público (IIP) a Moradia António Bravo, sita na Avenida 5 de Outubro, n.º 209, em Lisboa, Diário da República, 2.ª série — N.º 21 — 30 de Janeiro de 2008 4253 freguesia de Nossa Senhora de Fátima, concelho e distrito de Lisboa, e fixada a zona especial de protecção conforme planta constante do anexo à presente portaria, da qual faz parte integrante. 17 de Janeiro de 2008. — A Ministra da Cultura, Maria Isabel da Silva Pires de Lima.
Depois, rumei ao Saldanha, deixando-a para trás e a esses edifícios de tão estranha beleza, emoldurados por um céu ameaçador...

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

AMÁLIA no CCB

Já cheguei ao entardecer

e aproveitei logo para ir aquecendo a minha inseparável Nytech. À entrada, dá-me as boas-vindas o Néctar da Joana Vasconcelos...

Após alguns corredores e escadas, eis-me nas imensas salas onde se pretende dar uma visão da carreira de Amália mostrando alguns vestidos da artista, cartazes de concertos

revistas, jornais, capas de discos

vídeos e imensas fotografias

imensas fotografias

que, em muitos casos, se perdem nas enormes paredes que as acolhem

"Agarrou-me" essa fotografia de Amália,

esse painel com montagem de várias fotografias da fadista

mas, acima de tudo, esse local mágico onde dançam os três Corações Independentes - o Vermelho, simbolizando o Fado, o Amor; O Dourado, que representa o ouro e a Tradição; o Preto, que simboliza a Morte, a Dor e o Sofrimento.

Está de parabéns a Joana Vasconcelos a quem Engenho e Arte não faltaram!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Palácio Valada-Azambuja

Passei, uma vez mais, pelo Palácio Valada-Azambuja, onde se encontra instalada a Biblioteca Municipal de Camões, http://revelarlx.cm-lisboa.pt/gca/?id=1004
e verifiquei, com algum espanto, que os belos panos de azulejos, que forravam as paredes do átrio

continuam ausentes

embora já tenham sido retirados há algum tempo e se tenha anunciado, por quem sabe, que o imóvel iria "muito em breve sofrer obras de recuperação" (2008) http://lisboasos.blogspot.com/2008/10/palcio-valada-azambuja.html
Ora, de facto, nem uma coisa, nem outra!... O prédio, cadastrado como Imóvel de Interesse Público, está cada vez mais uma ruína e, de facto, nem se vê o interesse de recolocar os azulejos sem que, antes, se tenham efectuado as necessárias obras... Todo o interior - o visível ao visitante, fará o oculto!... - está mesmo a necessitar de alguns cuidados

para não falar já do que se encontra vandalizado

o que, aliás, é muito frequente nesta zona da Capital

Mas claro, claro que a Cidade tem prioridades!... Importante, crucial mesmo, era dar uma nova imagem ao elevador da Bica! Está um espelho, olhem lá!

domingo, 17 de janeiro de 2010

"Lisboa de hoje e de amanhã"

Um documentário de António Lopes Ribeiro sobre a Lisboa dos anos 1946/48, disponibilizado no YouTube.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

"Vá de Metro, Satanás!"

Quando em 1959 se inaugurou, em Lisboa, o Metro, que logo mais conhecido ficou por CentíMetro, foi proposto, por Alexandre O'Neill, para o lançamento dessa rede de transportes urbanos subterrâneos, o slogan "Vá de Metro Satanás"!; porém, a então administração do Metropolitano de Lisboa chumbou esta genial frase publicitária... incompreensível, até mesmo porque, passados mais de 50 anos, continua a servir-lhe que nem uma luva... sim, porque ninguém, amigo da sua amiga lhe diria "Vá de Metro, Maria!", particularmente se em causa estivesse alguém com mobilidade condicionada... ir por ir, que vá mesmo o Diabo! Embora seja, em princípio, um meio de transporte rápido, pode acabar por ser muito mais demorado que outro qualquer... Ora oiçam -estava eu na Baixa, com uma amiga, também já velhota, ambas com pressa, e, como os autocarros demorassem e táxis nem vê-los, decidimos tomar o Metro para a Av. Roma. Tudo muito bem até à gare, sempre a descer, o transporte a chegar rapidinho e, daí a instantes já no destino - excelente! estação renovada, belos azulejos... e as escadas para subir... -pois não, escadas rolantes, não há, mas deve haver elevador, ora essa!, disse eu, -espere aí que vou ver... e percorri o cais à procura de um bendito elevador, que não existia; alguém que desse informações, também não se avistava e, assim, lá tivémos nós que subir as escadas até ao átrio onde procurei por quem me soubesse informar da existência ou não de um elevador que nos poupasse a mais uma penosa subida de escadas, especialmente por causa da minha amiga que é cardíaca e que já deitava os bofes pela boca; muito a custo, consegui a atenção do funcionário que estava muito mais empenhado na conversa que mantinha ao telemóvel e que, com algum favor, me esclareceu do que, parecia, eu já deveria saber -que sim, a estação até tem elevador, mas do outro lado, portanto, quem vem deste lado deve ir até Alvalade e voltar para sair do lado em que existe elevador... Depois desta explicação, vale a pena perguntar seja mais o que for, vale a pena lembrar que as acessibilidades devem ser garantidas para todos?... Creio bem que não, até porque parece que ninguém dá importância, ninguém reclama, ninguém se indigna... sim, porque este não é caso único no Metro, bem o sabemos! Nem me parece possível que cidadãos dependentes de cadeiras de rodas possam usufruir deste maravilhoso transporte público, uma vez que, salvo erro, em alguma parte do circuito há sempre um lance de escadas que espera por si!... Mesmo nas estações mais recentes, novinhas em folha, como a de S. Sebastião, por exemplo... ufa! já pela segunda vez que lá desembarco e a mesma cena -o elevador encontra-se avariado! Será que funciona, nos intervalos? O que vale é que, graças a Deus, ainda tenho pernas, pulmões e coração para subir aquela escadaria, mas, da última vez que sofri este contratempo, até disse p'rós meus botões - vá de Metro?! irra! Vade retro, Satanás!... Razão tinha o O'Neill para dizer "Vá de Metro Satanás"!... Sim, é coisa que só mesmo ao Diabo se deve recomendar...

domingo, 10 de janeiro de 2010

sábado, 9 de janeiro de 2010

O VELHO DO RESTELO

"Mas um velho, de aspecto venerando, / que ficava nas praias, entre a gente, / postos em nós os olhos, meneando / três vezes a cabeça, descontente, / a voz pesada um pouco alevantando, / que nós no mar ouvimos claramente, / Cum saber só de experiências feito, / tais palavras tirou do experto peito: // -Ó glória de mandar, ó vã cobiça / desta vaidade a quem chamamos Fama! / Ó fraudulento gosto, que se atiça / c'ua aura popular, que honra se chama! / Que castigo tamanho e que justiça / fazes no peito vão que muito te ama! / Que mortes, que perigos, que tormentas, / que crueldades nele experimentas! // ... . ... . ... . ... (Os Lusíadas de Luís de Camões, Canto IV)

Ontem, de passagem pelo Restelo, no dia em que o nosso Parlamento aprovou o casamento entre homossexuais, não pude deixar de lembrar essa figura simbólica que talvez também represente um dos pontos de vista contraditórios com que o próprio Camões se debatia...