sábado, 9 de janeiro de 2010

O VELHO DO RESTELO

"Mas um velho, de aspecto venerando, / que ficava nas praias, entre a gente, / postos em nós os olhos, meneando / três vezes a cabeça, descontente, / a voz pesada um pouco alevantando, / que nós no mar ouvimos claramente, / Cum saber só de experiências feito, / tais palavras tirou do experto peito: // -Ó glória de mandar, ó vã cobiça / desta vaidade a quem chamamos Fama! / Ó fraudulento gosto, que se atiça / c'ua aura popular, que honra se chama! / Que castigo tamanho e que justiça / fazes no peito vão que muito te ama! / Que mortes, que perigos, que tormentas, / que crueldades nele experimentas! // ... . ... . ... . ... (Os Lusíadas de Luís de Camões, Canto IV)

Ontem, de passagem pelo Restelo, no dia em que o nosso Parlamento aprovou o casamento entre homossexuais, não pude deixar de lembrar essa figura simbólica que talvez também represente um dos pontos de vista contraditórios com que o próprio Camões se debatia...

2 comentários:

  1. De mestre!Só espero que os velhos do Restelo e não só...(Belém, S. Bento, etc.), percebam que já se dobrou o Cabo das Tormentas!
    Hugs.
    Eu

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  2. ...E não haverá quaisquer outros Cabos desconhecidos que esperam por nós?!......
    Hugs, ó Eu!

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