sexta-feira, 25 de maio de 2018

D. PEDRO II, o Imperador Poeta


                   INGRATOS
Não maldigo o rigor da iníqua sorte, 
por mais atroz que fôsse e sem piedade, 
arrancando-me o trôno e a majestade, 
quando a dois passos só estou da morte. 

Do jugo das paixões minha alma forte 
conhece bem a estulta veleidade, 
que hoje nos dá contínua felicidade 
e amanhã nem um bem que nos conforte. 

Mas a dôr que excrucia e que maltrata, 
a dôr cruel que o ânimo deplora, 
que fere o coração e pronto o mata, 

é ver na mão cuspir, à extrema hora, 
a mesma boca, aduladora e ingrata, 
que tantos beijos nela pôs outrora.

Ilust.




Sem comentários:

Enviar um comentário