quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Horas breves... dúvidas perenes


Horas breves de meu contentamento,
Nunca me pareceo, quando vos tinha,
Que vos visse mudadas tão asinha
Em tão compridos annos de tormento.

As altas tôrres, que fundei no vento,
Levou, em fim, o vento que as sostinha:
Do mal, que me ficou, a culpa he minha,
Pois sôbre cousas vãas fiz fundamento.

Amor com brandas mostras apparece,
Tudo possivel faz, tudo assegura;
Mas logo no melhor desapparece.

Estranho mal! estranha desventura!
Por hum pequeno bem que desfallece,
Hum bem aventurar, que sempre dura!


D.L.

"Luís de Portugal (Abrantes, 3 de março de 1506 — Lisboa, 27 de novembro de 1555). Filho do rei Manuel I de Portugal e ..." (daqui)

"Luís Vaz de Camões (Lisboa[?], ca., 1524 — Lisboa, 10 de junho de 1579 ou 1580)[1] foi um poeta de Portugal, considerado uma das maiores figuras ..." (daqui)

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