terça-feira, 25 de abril de 2023

JOAQUIM PAÇO D'ARCOS

Aqui viveu e morreu, na Av. Antº Augusto de Aguiar, nº 38, JOAQUIM PAÇO d'ARCOS, insigne escritor português,




 autor, entre outras obras, da "Crónica da Vida Lisboeta" (1938 - 1956), de que Ana Paula - Perfil duma Lisboeta é o primeiro romance desse ciclo de seis que se inscreve nos primeiros anos da ditadura do Estado Novo e traça um retrato da vida das classes altas lisboetas. 



D.L.38

Mas, hoje, é particularmente com o seu poema 25 de Abril de 1974  que aqui o lembro

" 25 de Abril de 1974

Duzentos capitães! Não os das caravelas

Não os heróis das descobertas e conquistas,

A Cruz de Cristo erguida sobre as velas

Como um altar

Que os nossos marinheiros levavam pelo mar

À terra inteira! (Ó esfera armilar, que fazes hoje tu nessa bandeira?)

Ó marujos do sonho e da aventura,

Ó soldados da nossa antiga glória,

Por vós o Tejo chora,

Por vós põe luto a nossa História!

Duzentos capitães! Não os de outrora…

Duzentos capitães destes de agora (pobres inconscientes)

Levando hílares, ufanos e contentes

A Pátria à sepultura,

Sem sequer se mostrarem compungidos

Como é o dever dos soldados vencidos.

Soldados que sem serem batidos

Abandonaram terras, armas e bandeiras,

Populações inteiras

Pretos, brancos, mestiços (milagre português da nossa raça)

Ao extermínio feroz da populaça.

Ó capitães traidores dum grande ideal

Que tendo herdado um Portugal

Longínquo e ilimitado como o mar

Cuja bandeira, a tremular,

Assinalava o infinito português

Sob a imensidade do céu,

Legais a vossos filhos um Portugal pigmeu,

Um Portugal em miniatura,

Um Portugal de escravos

Enterrado num caixão d’apodrecidos cravos!

Ó tristes capitães ufanos da derrota,

Ó herdeiros anões de Aljubarrota,

Para vossa vergonha e maldição

Vossos filhos mais tarde ocultarão

Os vossos apelidos d’ignomínia…

Ó bastardos duma raça de heróis,

Para vossa punição

Vossos filhos morrerão

Espanhóis! "


e ainda duas entrevistas


D.L.35

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